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A massagem tântrica, por Daniel Odier

Mestre tântrico formado na Cachemira, Daniel Odier* tem por extremamente preciosa a massagem tântrica que permite desenvolver o que ele chama de troca amorosa sutil. “Aqui essa massagem de uma lentidão excessiva busca um só objetivo: a tomada de consciência do corpo vivo, fora do controle do mental, para acabar com todos os gestos e comportamentos automatizados de nossa existência, inclusive aqueles do ato amoroso.” E fazer então a aprendizagem da sua liberdade e do prazer inocente do encontro carnal.

Um estremecimento
A massagem tântrica Kashmiri é uma massagem sutil. O corpo inteiro é tomado como um todo. As mãos do massagista, revestidas com óleo quente, deslizam da cabeça aos pés, em uma espécie de onda. Como se estivesse surfando no corpo do seu parceiro. O tom é dado. Impossível não se abandonar. "Muito rapidamente o espírito entra em curto-circuito, diz Daniel Odier. Os movimentos são extremamente lentos, tão lentos que não podemos segui-los mentalmente." A idéia: introduzir no corpo um frêmito, uma vibração que torna todas as construções mentais difíceis. Tudo o que é supérfluo, que nos bloqueia e nos impede de alcançar o bem-estar na presença de seu corpo será completamente anulado pelo estremecimento. Por vezes ocorrem estremecimentos, seguidos de um grande relaxamento, como se uma couraça se desprendesse.

Respirar no ventre
A respiração é primordial. O conjunto: respire no abdômen, como se quisesse descolar os músculos que estão ligados ao osso púbico. A imagem é ousada, mas eficaz. Esta respiração dá um tipo de estabilidade. "Quando adotamos a respiração dos bebês, reencontramos um estado que nos é totalmente natural, que os encantos da educação e outras coisas embotaram", explica D. Odier. Podemos dizer que a pessoa está sendo respirada, mais do que ela respira. Este fenômeno é explicado pela ação sobre o diafragma. Ele se flexibiliza, torna-se como uma medusa, oferecendo uma linha de mínima resistência.  Nesse momento, o bloqueio da emoção se vai. "Então, muitas mulheres têm essa capacidade de deixar ir, mas, especialmente para os homens, é difícil”, diz D. Odier. “O medo de soltar, de ser tocado é bem real."


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O corpo: um instrumento musical
Durante a massagem tântrica, o corpo é como um instrumento musical. Ao relaxá-lo na justa medida, ou seja, afinando-o, todos os músculos estarão em uma tensão eficaz. Ou seja, sem tensões inúteis. Toda essa hipertensão, que acreditávamos que nos ajudava a funcionar, na realidade nos paralisava. É uma descoberta importante ver que nós podemos viver maravilhosamente bem, sendo dez vezes menos tensos. O corpo volta a tornar-se vibrante. Este novo estado vibratório nos confirma que podemos viver um estado de bem-estar, sem se preocupar com sua duração.

 

A experiência da liberdade
Ao contrário do imaginário popular, o tantrismo não se destina a fazer-nos entrar em estados alterados de consciência e em nos tornar amantes fora de série. Esta massagem ajuda simplesmente a estar presente a nós mesmos. E então, ao outro. A filosofia tântrica parte do princípio que somos absolutamente perfeitos como somos. O templo, o divino, é o corpo. Se este está em um estado de tensão, o templo está lotado. Esta massagem é destinada a restaurar seu espaço completo para habitá-lo plenamente. De que maneira? Ela desencadeia emoções que remetem a infância. De repente, reencontramos esta integridade física pulsante muitas vezes perdida com a idade. Esta capacidade natural de maravilhamento, reservada a juventude. A de ser profundamente tocado por coisas sem entrar em um processo intelectual. Uma espécie de frescor. Mesmo que não pensemos durante o ato amoroso, não é raro que nosso espírito esteja preocupado com outras coisas e histórias, ou tenso na busca do prazer compartilhado. Compreendemos através da massagem que todas as estratégias são vãs. Inútil de entrar nesse jogo para existir em uma troca amorosa. Existe uma liberdade de ser que é superior. Assim adquiri-se a capacidade de encontrar seu lugar natural mais facilmente em todas as situações.


*Livro de Daniel Odier traduzido em português: “Tantra, Iniciação ao amor absoluto” Ediciones Presencia

Entrevista traduzida por Thiago Goulart a partir do artigo original em francês em:

http://www.massage-cachemirien.org/articles.php?lng=fr&pg=23

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